A direção de vídeo e todos os processos que envolvem esse tipo de conteúdo aumentam e se desenvolvem cada vez mais.
Em um mundo demasiadamente conectado e dinâmico, é preciso estar por dentro de todas as tendências, técnicas e inovações para não ficar para trás, mantendo a alta qualidade das produções.
Pensando nisso e em trocar experiências sobre a área de direção de vídeo, entrevistamos Marcos Frutig, filmmaker e diretor artístico com ampla experiência nacional e internacional.
Vamos conferir? Aproveite!
Sobre o entrevistado
Marcos Frutig é graduado em Comunicação Social – Propaganda em Marketing pela ESPM, além de ser formado no Filmmaking Program da New York Film Academy e em Film & Television Business da FGV. Já ocupou diversos cargos relacionados à direção de vídeo, sendo atualmente filmmaker e diretor artístico.
Possui experiência nacional, trabalhando para empresas como: Volkswagen, Unilever, Discovery Channel, McDonald’s, Renault, Fiat, Yakult, Bradesco, Bombril, entre outras, além de atuação internacional, como na experiência “Mais Uma Estrela”, um documentário sobre a Copa do Mundo FIFA 2018.
Entrevista
PERGUNTA
Para quem não o conhece, apresente-se e fale um pouco mais sobre você.
RESPOSTA
Sou Marcos Frutig, filmmaker, diretor artístico e pai. Comecei na vida de direção de vídeo aos 16 anos, no tempo da VHS – quem quiser pode fazer as contas -, quando não fazia a menor ideia de carreira, etc. Uma amiga precisava fazer um trabalho em vídeo para a faculdade e disse: “você é tão criativo, topa ajudar?”. Topei e era como se já fizesse isso desde sempre: roteirizei, produzi, filmei e montei um curta-metragem sobre filosofia que rendeu um belo 10!
Esse episódio foi uma revelação para mim. Mais do que perceber que tinha jeito para a coisa, notei que, ao fazer o filme, não percebia o tempo passar, ficava totalmente absorvido na atividade e isso me parecia, finalmente, a descoberta de uma vocação. Além de ter sido muito útil nas madrugadas de produção a dentro que se seguiram. Vale lembrar que essa primeira experiência foi antes do computador, câmera digital, aplicativo de edição, etc, a gente fazia na unha, editando com um VHS ligado ao outro e disparando as fitas em “play” e “rec” a cada corte, simplesmente uma loucura!
Desde então mergulhei na área, fiz Comunicação Social na ESPM, New York Film Academy e Produção Executiva na FGV. Mas a grande escola foi a prática, estagiando e trabalhando em grandes produtoras e botando a mão na câmera sempre. Comecei em produção, que é o melhor lugar para entender a estrutura necessária para tudo acontecer, passei para assistência de direção, fotografia, edição, telecinagem e color correntio, ainda na época do filme em película, e acompanhei toda a transição para o digital. Conhecer bem o analógico é uma grande vantagem, porque traz a noção física do que está por trás do digital.
Nesses tantos anos – já fez as contas? – essa profissão me levou a lugares incríveis: de aldeias indígenas a grandes metrópoles do mundo, me rendendo experiências inesquecíveis e grandes amizades. Sou muito grato àquela amiga de adolescência e à vida por ter me colocado nesse caminho, que me mantém superativo e em constante atualização.
PERGUNTA
Como se dá a principal diferença de trabalhar no mercado corporativo em relação aos outros mercados, como o cultural ou o criativo?
RESPOSTA
Dá pra fazer um podcast sobre esse tema, mas, simplificando, podemos pensar em termos de orçamento, onde o corporativo vem aumentando o nível de investimento e, talvez, notar que esses mercados vêm se relacionando mais ultimamente, com o corporativo se aproximado mais do artístico e o artístico demandando produtos com características do primeiro. Claro que cada caso é único e gosto particularmente dos trabalhos que me desafiam a utilizar mais ferramentas da minha caixinha e pesquisar outras tantas.
PERGUNTA
Antes de encomendar um trabalho audiovisual, o que é necessário uma empresa saber? Que tipo de profissional e empresa procurar?
RESPOSTA
Ah, o briefing! Propósito antes de tudo: O que quer comunicar? Para quem? Através de onde? E, principalmente: o que quer que as pessoas saiam sentindo depois da experiência? O “como?” é com a gente. Meu lema, claro, é: “consulte sempre um diretor!”.
Hoje em dia a linguagem audiovisual está bem difundida, nunca se consumiu tanto conteúdo em vídeo e todo mundo “dá uma filmadinha”. Isso é bom, pois aproxima as pessoas do meio e aumenta a sua utilidade e relevância. Por outro lado, rola uma tendência de amadorismo que às vezes pode até ser bem-vinda, mas muitas outras acaba impedindo que um filme seja tudo o que ele poderia ser, ou até não compensando o investimento. A direção de vídeo tem um papel fundamental de ajudar a materializar aquela ideia que está na cabeça do cliente ou do criativo da melhor forma e de maneira viável.
PERGUNTA
Por onde você começa a planejar um trabalho? Como buscar bons insights?
RESPOSTA
A busca de repertório é constante. Manter uma vida culturalmente ativa é muito importante para a área de direção de vídeo, pois constrói um cabedal que é a matéria-prima da criatividade que passa pela combinação e recombinação de ideias. Esse é um processo delicioso de visualizar, brincar com formas de narrativa e cuidar para que os elementos (enquadramento, cenário, arte, fotografia, objetos, figurinos, trilha, efeitos, montagem e outros) se juntem para criar uma sensação e transmitir a mensagem.
PERGUNTA
Em um time de profissionais, quais características, técnicas e comportamentais, você busca e valoriza?
RESPOSTA
A produção audiovisual é essencialmente um trabalho em equipe. Assim, além de conhecimento técnico, é fundamental saber jogar como um time. Eu diria que ser um “team player” é até mais importante, porque você pode até correr atrás do conhecimento técnico, mas sem o companheirismo, a dedicação e o espírito de equipe que a profissão demanda fica difícil. A sensação de camaradagem que é forjada ao longo do trabalho árduo das produções, em especial num set de filmagem, é uma das coisas que alimenta a minha alma.
PERGUNTA
Dentre todas as experiências que já passou na direção de vídeo, qual é a que considera mais desafiadora?
RESPOSTA
Ah, tem uma lista ao longo desses anos – já fez as contas? -, desde as glamurosas, como sair para fazer entrevistas para um documentário em Nova Iorque e, de surpresa, acabar sendo convidado a emendar com Londres, Zurique e Berlim. Ou dirigir uma campanha de 18 filmes em um mês no Equador com equipe e elenco locais.
Passando pelas “roubadas”, como ficar 50 horas acordado numa produção ou quando fiquei sem intercom num programa ao vivo de dia inteiro.
Até uma das mais queridas, uma websérie para o Guaraná Antárctica, que envolveu filmagens na Amazônia e onde tive muita liberdade criativa. Construímos um labirinto de pallets num centro de distribuição, fizemos uma perseguição em parkour pelas ladeiras de São Paulo, cenografamos um portal mágico e trabalhamos com pessoas queridas em Maués/AM. Inclusive, com um elenco improvisado, cavamos uma armadilha no meio da floresta que dava continuidade com uma cena gravada semanas antes no interior de São Paulo. Uma delícia de job!
PERGUNTA
Como você se mantém por dentro das tendências, em um mercado que se desenvolve cada vez mais?
RESPOSTA
Ser cinéfilo e “vídeo-adicto” ajuda muito. Como disse, gosto de estar aberto a todo o tipo de experiência cultural, pois já percebi o quanto isso alimenta o processo criativo.
A literatura é uma importante fonte de inspiração também, pois o processo de construção das imagens e a relação com um texto bem escrito é muito potente. Além disso, é importante estar por dentro do que se está fazendo no meio e quais os brinquedinhos novos que estão surgindo no mundo dos equipamentos.
Meu Instagram, por exemplo, é quase todo voltado para esses assuntos. E, finalmente, conversar com os colegas, que é sempre prazeroso e muito rico.
A melhor direção de vídeo para suas produções é com a RCE Digital!
Gostou da nossa entrevista sobre direção de vídeo e assuntos relacionados com Marcos Frutig, filmmaker e diretor artístico?
Não tem como fugir, todas as empresas, independente de seus portes, precisam estar antenadas no meio digital e buscar cada vez mais fazer produções de vídeo.
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